sábado, 27 de dezembro de 2014

O AMOR E O MAR


O Amor e o Mar

O mar aceita qualquer coisa
Tudo pode ser jogado em suas águas.
Flores, pensamentos, beijos não dados, restos de amor.
Tudo pode ser levado pelas ondas
E sepultado em um lugar qualquer...

O mar em sua profundeza
Guarda o silêncio absoluto das lágrimas
A dor das grandes mágoas
E a tristeza de muitos olhares,
Guarda a saudade contida em versos
O amor escondido em poemas...

Jogue tudo nas águas do mar.
Todos os beijos que eu te dei
Os meus sonhos que coloquei em tuas mãos
O meu sorriso, o meu amor
O meu  retrato,
Jogue nas águas, pois não tem mais sentido
Esse amor contido ficar nas reticências
Perdidas no final de uma frase...


UM POEMA EM MIM


Um Poema Em Mim

Você escreveu um poema dentro de mim.
Um poema de amor
Escrito na distância do toque
Na ausência do olhar
No silêncio da noite
Na mudez das palavras...

Com seu carinho senti teu poema
Inscrevendo-se em mim
Delineando cada traço
Cada movimento formando um som,
Até surgirem as estrofes
Falando de amor
Amor dentro de mim...

Você me deu um poema
Como um rei dá uma coroa a sua rainha,
Deu-me um tesouro
Coberto de amor
Escrito em minhas entranhas.
Um poema em mim... 




UMA FOLHA BRANCA



Uma Folha Branca

Não pode existir nada mais triste
que uma folha branca
despida de palavras
nua das letras desenhadas
pelas mãos de um poeta...

Triste folha branca
jogada num canto qualquer
esquecida numa gaveta escura ou
entre as folhas de um velho livro...

O tempo com sua melancolia
derruba sua tinta amarelecida
recobrindo a brancura da folha,
revelando o crivo das traças
e a dor da ausência das palavras...

Tudo fica em silêncio
tudo fica estagnado
quando um poeta cala suas palavras e
fecha seu coração esquecendo-se da folha branca...


DESPERTAR


Despertar

Todo este azul que se rasga 
diante do meus olhos
me faz um convite
[talvez ainda seja cedo]
ou talvez seja tarde demais,
mas quem resiste a este chamado de fogo
que arde nas veias?!

Estranha languidez lá fora
onde o mundo pende em cascatas
de flores
onde cores reluzem num beijo
de beija flor e o vento toca em carícia
as folhas, as flores
e tudo conspira...

Tudo se entrega nesta sombra fresca
da manhã que nasce
neste doce perfume do ar,
nestas horas úmidas de orvalho
onde deixo meu sonho
e desperto colhendo-me
para a vida, preparando-me para amar.


MIRAGEM


Miragem

O que sabemos um do outro?!
Tão pouco, quase nada.
Mas, sinto a tua falta
quando acordo,
e me vejo de repente
fazendo poesia para te dizer
que você já é importante em meu momentos.

Nessa minha dolorida caminhada
nestas ruas silenciosas
neste deserto que me cerca,
já existe esta miragem
que olha além do oásis...

Ainda uma miragem,
um ponto distante
talvez uma saudade chegando,
chegando de mansinho, se fazendo presente
tomando seu espaço dentro do meu coração.
Talvez... mas sinto a sua falta.

UM AMOR SÓ PARA MIM


Um Amor Só Para Mim

Eu quero um amor
que me fale à alma,
que me descreva
como um poeta faz em seu poema...

Que me segure a mão
e me leve a esse altar consagrado 
de prazer onde melodia
se faz presente...

Que me tome em seus braços e
me aconchegue num carinho
e faça de mim
o seu amor verdadeiro...

Quero um amor
que me olhe nos olhos
e leia meus segredos
que me leve no colo e me faça dormir,
 e quando a manhã chegar
me acorde com um beijo,
e me faça amor...

Quero um amor
que seja só meu
que divida seus dias, seu sorriso,
sua alegria, suas histórias.
Um amor que seja só meu...



CLEÓPATRA



CLEÓPATRA

“Minha alma...
Desde que nos separamos, meus pensamentos tem voado até você todos os dias, mas são surdos e mudos. Não podem falar com você, nem ouvem o que você quer dizer para mim. Portanto, não são de muita valia, senão por serem capazes de estar onde eu quero estar. Ah, como são afortunados meus pensamentos! Como tem sido difícil esta sombria estação do ano sem você perto, embora todo mundo diga que é verão. Talvez para os outros seja mesmo..."
Mil beijos em sua mão, seu pescoço, seus lábios.
Marcus Antonius.
                                                       (Memórias de Cleópatra – Margaret George)



No meio da noite,
relâmpagos e trovões sonoros
caem como pedras
de catapultas
fazendo algo mudar dentro de mim...

Machuca-me
a dor e a tristeza
quando esta luz tremulante
reflete minha imagem
neste altar de mármore polido...

Quando as lágrimas
caem dos meus olhos
vejo as margens negras
da inconsciência tomando meu corpo,
como se minhas entranhas
estivessem sendo levadas...

Minha cabeça pende
meu olhar ainda detêm-se na lágrima vermelha
escorrendo de meu seio
enquanto ouço o sibilar
da víbora negra...

Ó, deuses. Eis a Filha de Ísis...



BUSCA-ME


Busca-me


Busca-me...

Da solidão das minhas horas
traga-me para seus braços,
para sua ternura,
aqueça meu coração no calor do teu sol...

Busca-me...

Desta tristeza infinita
desta ausência de beijos
desta falta de paz...

Busca-me...

Dos meus sonhos
onde te espero a cada dia
numa profunda agonia
numa dor que não se acaba...

Busca-me,
eu te preciso tanto...


VOCÊ E EU


Você e Eu

Porque o amor é assim?
Essa água de cheiro
essa pena macia, essa gota de orvalho
essa saudade que bate
até ressoar na alma?

Por que não podemos
simplesmente nos dar
se doar à um beijo
uma carícia, um afago
sem essa ausência que dói?

Por que me afastar de você?

Por que não chorar de alegria
ao ler uma linha
que me fale de amor??
Por que essa tristeza em meus olhos
essa raiva em meus dedos
nessas teclas negras dançando
me fazendo destruir os meus versos de amor?

Por que?! 
Por que você não olha
um pouquinho,
um viés de olhar...quem sabe eu te sinta
tão perto e consiga te dar esse meu beijo tão triste?...



POEIRA DE ESTRELAS


Poeira de Estrelas

Essa noite sem lua
acalenta no meu peito
a vontade de correr e me perder,
e deixar meu corpo esparramado na grama úmida.
E voar além do espaço,
voar...
...me recolher no lado negro da lua,
onde os meus gritos não encontrem ecos.

Onde os meus pés
pisem poeira de estrelas mortas
e os meus lábios beijem
cometas incandescentes
que vigiam as horas
aprisionando o amor.

Esperarei aqui
neste deserto de sombra e dor
onde tua lembrança não
consiga me fazer chorar...


POR QUE DIZER DO MEU AMOR?!


Porque dizer do meu amor?!

Das infelicidades
que em prece eu rezo
nesta noite de lua negra,
quando sem ventura
meu corpo se consome
neste cilício de arminho branco?...

Porque dizer destas
úmidas pétalas
deste tormento que percorre meus desertos
gritando o que esta escrito,
escavando o que esta oculto?!...

Beijo esta angústia que me solta a carne
abrindo escaras de peçonha,
grandeza gigantesca
no luto profundo e medonho
da tua indiferença...

Então, bendigo esta mágoa
esta nódoa enegrecida em meu peito,
que cobre meus olhos
e deixa histórias
nesta tragédia
coroando a certeza de que seu coração
não foi capaz de amar-me!...



sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

OVÁRIO DA NOITE


OVÁRIO DA NOITE            
                                                                                 
Sento-me à sua frente, tão próxima
que sua respiração acaricia os meus cabelos...

Teu hálito morno em meu rosto
traz a promessa de um beijo,
um beijo contido na distância
um beijo desejado
por demais sonhado...

Roubo seus segundos, seus segredos
seu por do sol, suas palavras, seus versos...
Roubo seu descanso, seu sono, seu sonho...

Não mais estou fora de ti...

Estou em você, dentro dos seus desejos
faço parte do seu prazer
te dou o meu prazer nas madrugadas
no ovário da noite
quando em silêncio,
te espero em meu corpo...



quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

POR TODA ETERNIDADE



Por Toda Eternidade

No rasgar do ventre da manhã
que abortou a noite,
as ondas silenciam
e lambem as pedras e
seu sal marinho.
Sal de amor purificado
resguardado
na amargura do sepulcro
onde deixaste o meu coração
condenado,
amarrada imagem de Prometeu à sua pedra,
e tu____________tu a águia,
a bicar-me o coração noite e dia
por toda eternidade.


imagem:Paulo Roberto


.

NEGROS VÉUS


Negros Véus

Do nascer ao morrer
rompe-se a aurora claudicante
que apodrece tanta carne,
alimentando os vermes...
Brancos...
Gotas do meu leite
gotejado aos meus pés,
vermes brancos, rastejantes
formas de amor das carpideiras
e seus negros véus...
Escondendo sob as fiambras
do tempo
todo sentimento de amor
que encarquilhado em caracóis
vibra seu chocalho
e desfere a picada mortal!.


CINZAS


Cinzas

Quando choro minha tristeza
escondo-me na solidão negra,
onde somente os loucos fazem sua euforia.
Rasgo meu coração deste amor insano,
pinto meu corpo de cinzas e sebo
numa alegoria ao Paraíso de Dante.
Penduro meus coágulos de sangue
como colares,
funestos colares balançando neste
pranto amargo de
estrelas imaturas que escorrem do céu
e pingam nas poças d'água
iluminando minha imortal tristeza...

QUEM É VOCÊ?


Quem é você?

Eu quero tanto saber quem é você...
Então pergunto ao vento, mas ele não responde,
 traz apenas o seu sorriso lindo de menino,
mas não a sua voz...

Então pergunto à lua:
Quem é você ?
E a lua me responde:
É o amor da sua vida!...

TANTA SOLIDÃO


Tanta Solidão

O meu perfume derramado
Escorre pelo chão
Misturando-se aos rastros úmidos dos
Meus pés ainda molhados...
Marcam o chão as gotas d'água
Que escorrem pelo meu corpo envolto
Em vapor quente.
Meus cabelos molhados
Em desalinho, caem em meu rosto
Ocultando meus olhos
Disfarçando uma lágrima furtiva
Que insiste em cair.
Olho-me no espelho embaçado
E deixo a toalha cair...
Como uma mortalha aos meus pés,
Talvez nua em frente ao espelho
Consiga me olhar. Consiga me ver
E entender o porquê desta solidão...
 Olho meu corpo. Prisão da minh'alma.
Meu rosto, meus seios, meu sexo, minhas pernas...
E enquanto leio meus traços,
Quem eu desenho no espelho?!...

POR ONDE ANDA O MEU AMOR


Por onde anda o meu amor


Por onde anda este meu Príncipe
de outras terras
com seus olhos escuros e pele macia?
Em que horizonte seus olhar descansa,
quais grãos de areia seus pés hão de tocar,
sem que minhas mãos
estejam entre as suas?
Que gole d'água saciará sua sede
sem que minha boca prove
do teu beijo?
Qual fogueira aquecerá seu corpo
longe do calor do meu abraço?
Ouve! Eu te chamo através do vento.
Baixa o açoite no lombo do seu cavalo
e percorre as distancias
do deserto,
onde o falcão sobrevoa
o olho da noite...
E no silêncio de cada instante,
seu vulto amado,
percorre meus sonhos
acendendo as tochas,
clareando um caminho entre
as pedras vermelhas do velho mundo...
E quando o sol se romper
vertendo luz sobre meu quarto,
ele acorda do meu amor,
e se vai, em  mais um sonho...

FOLHAS SECAS


Folhas Secas

O vento sopra
Folhas secas pelo chão,
Mortas como eu
Mortas pela paixão e saudade...
Esse vento
Não cura minha dor
Nem perdoa meus pecados.
Neste altar
Frio e silencioso
Eu te amaria para sempre...
Mas você se fecha
Aí, onde o crepúsculo cai
E eu...
Aqui com minha solidão
Pois minha dor
É dor de outono.

FAZER POESIA


Fazer Poesia

No auge da minha tristeza
eu gritei,
cade você poesia?
E quanto mais eu gritava
mais me perdia nas entrelinhas
nos espaços silenciosos das reticencias...

Em desespero derrubei minhas lágrimas
senti cada uma escorrendo em meu rosto
salgando minha pele
deixando um gosto ausente em meus lábios...

Só agora entendi.
Poesia se faz em silêncio.
Nasce da tristeza do olhar
do vazio das mãos,
de um beijo não dado.
Poesia, se faz só de amor...


MEUS MOMENTOS


Meus Momentos

Espalho os meus momentos
Por estas ruas
Nuas ruas onde ecoam meus passos.
E deixo minhas palavras, soltas
Como pipas ao vento...

Jogo minhas letras
Em cachoeira, formam
Palavras como gotas d'água
Molham a alma quando os olhos estão secos.
Ainda é madrugada...

A lua beija as estrelas
Ouço uma velha música,
Nem sei de onde vem...
Fala de amor. Fala da dor
Que nunca se acaba dentro de nós.

Deixa um vazio
Um gosto de ausência
Um não saber porque...
Uma falta de tempo
Uma falta de amor.