segunda-feira, 23 de março de 2015

CAMINHO



Caminho

no meio do caminho
uma folha
um esqueleto
uma ideia
uma idade
um tempo de pouca vida
uma vida e muito vento
______ no meio do caminho
espinhos
caprichos
desvios
passos e o passado
atrelado aos calcanhares
as correntes
carcomidas pela ferrugem
( tédio das marés)
esbarram nas flores da areia
sereias 
suaves e sutis sereias. . .


foto: LL


POETA E POESIA


Poeta e Poesia

a mim não importa
que não me chamem: poeta!
que não entendam as minhas palavras 
que não vejam o mundo através dos meus olhos. . . 

que não percebam a poesia
nas horas, nos dias e nem a beleza das noites 
trazendo em seu bojo ________ o silêncio que acaricia a alma. . .

a mim não importa a mesquinha condição da mentira 
ou a superficial presença de quem não ama, apenas finge amar 

o que importa ao poeta
é sentir a poesia que lhe veste a pele 
e embriaga os sentidos
e alimenta os sonhos

a mim, o que importa
é acordar sempre em estado de poesia _____ e ser um pouco poesia.


foto: LL


ENGANOS


Enganos

( ! ) qual a cor da pele que me veste?
e a carne que envolve os meus ossos? 
qual a cor do sangue
(rio que percorre as profundezas do meu ser) ?
qual é a diferença entre o meu olhar e os demais olhares
que percebem a tênue divisão
entre céu e terra? 
qual a intensidade da minha fome, da minha dor?
como diferencia-la das demais pessoas? !
o que me torna melhor ou pior que o meu semelhante? 
Nada!
Nada , a não ser a prepotência, a arrogância que se mantém
( em alguns casos) 
oculta sob máscaras ricamente ornadas não do ouro reluzente e sim
pirita - o ouro dos tolos.



AZULESCENDO


Azulescendo

a janela do mundo
se abre
" azulecendo" o meu (perdido) olhar
entre céu e terra
a infinitude viva 
do mar... ah! mar
beija de sal os meus pés
enquanto caminho os teus segredos escondidos
em conchas, algas e rendas de espuma...
seja eu mar
em toda sua profunda beleza
em cada concha
em cada peixe
e todo seu mistério secular...


foto: arquivo pessoal


DE MÃOS DADAS


De mãos dadas

e a sua sombra
bem ali, desenhada onde o meu olhar alcança
insiste num silêncio de palavras
e o coração cativo
traduz cada gesto de bem querer
que a distância  revela. 
... e tudo e nada
se juntam e caminham de mãos dadas...