sexta-feira, 22 de agosto de 2014

SÓ AMOR







SÓ AMOR

A quietude desta hora
desnuda-me
diante do templo – teus olhos.

Onde a decência
entremeada de ventos fonéticos
faz acordar a sacerdotisa enamorada
que traz em suas mãos
óleo perfumado
e mirra...

Clã da minha existência, que
obedientes aos segredos
da fonte,
murmurem em meus ouvidos
as palavras que meus lábios
depositarão em tua alma
fazendo clarear
o teu semblante adormecido na dúvida.

É sabido
Que teu coração/meu coração
pedra e sangue
espírito e carne
pulsam e vibram
juntos.

Nascemos juntos
na memória do pó
e na taça que sacia a sede do amor
e somente a vida______ é capaz
de nos conduzir nesta pauta
de notas aconchegadas na luz 
que me revela as tuas mãos.

Carrego a demora dos dias
em cada abraço,
a ânsia da tua boca - em cada respiração;
e a tua existência
gravada na minha existência.

Como separar minha alma da tua
se o perfume da vida exala?!

Como?!
Me diz?!

O que inocenta a minha agonia
e o meu bem querer?!
O que pode alegrar a noite
quando a lua já se foi?!
Como construir sonhos
quando a alegria é triste?...
Como sentir a luz
se a sombra
aos meus pés rasteja?!

Como?!
Me diz?!

Se só o amor que 
que viaja este deserto pulsante de cores
e reluz os teus pés
entre o ouro e a prata 
nutre minha alma no silencio das palavras
que meus lábios ((ainda)) não te disseram.




foto: Yasmina Alaoui




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