domingo, 23 de outubro de 2011

VELHO CASARÃO AZUL




Velho casarão azul...
Hoje em silêncio
leio os  segredos
entranhados nas paredes
tristes e carcomidas.
Pelos cantos
tantas promessas, tantas alegrias
e desilusões em
lágrimas derramadas.

Velho casarão azul...
Nas suas águas sob o céu
velhas telhas, velhas poeiras
velhas escadas de degraus cansados
velho sótão de fantasmas tristes,
velhas teias imitando rendas pelos beirais.

Velho casarão azul...
Suas entranhas clareadas
pela luz do entardecer
borda crivos pelas paredes
ilumina retratos antigos e esquecidos
ilumina o  piano emudecido.

Velho casarão azul...
Nas suas varandas  outrora floridas
onde beija-flores faziam ninhos,
só os cactos espinhentos e
velhas heras serpenteiam
dando abrigo à passarada.

Velho casarão azul...
De sua alma de lavanda
dos lençóis de linho e cortinas de renda
do cheiro de pão e vinho,


das flores sobre a mesa
dos braços que me abraçavam, 


dos lábios que me beijavam
restou somente um divagar incerto
nos meus passos de criança
... e o eco das minhas risadas.



Velho casarão azul...

É tão triste a sua lembrança
gravada em ladrilhos gastos
...é tão triste a minha saudade!



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