quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

LUZ DE VAGA-LUMES


Tem vaga-lumes na minha janela
Me iluminado enquanto me desnudo
Frente ao teu olhar silencioso
A me envolver como serpente ávida
Por inocular-me o veneno.

Exponho minha nudez ao teu apreço
Ao carinho de tuas mãos
Rendo-me aos teus beijos
E navego no oceano do teu amor.

E lá fora, a luz dos vaga-lumes
Escreve na noite escura
O teu nome e o meu



Acendendo... Apagando...

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

MEU VERMELHO SANGUE


Cubro-me e te cubro do meu vermelho sangue
Despudoradamente te amo
Neste céu onisciente que se faz presente aos olhos meus
Quando tudo a volta é somente um piar de aves...

Deito-me e te deito no meu aconchego
Bebo teus olhos, tua boca de incenso acalma minha pele
Quando passeia em palavras sobre meus nervos...

Queimo teus cabelos, seco tua saliva
Mastigo teus pensamentos que me alimentam na ausência
Quando te fechas em palavras que não entendo...

E torna-se denso e quente e denso
E assim desta forma lírica te amo
Largada aqui neste tapete da sala.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

ESSE BICHO QUE EU SOU


Ah, eu sou assim mesmo
esse bicho que morde
que arranha, que fere e
que lambe a ferida.
Sou assim
este animal, fêmea no cio,
que te segue e te lambe
te morde e te cheira
te derruba e te possui.
Sou mesmo assim
este bicho que sangra, que morre e renasce
de suas próprias entranhas,
sou mesmo assim, esse bicho que te ama...

ARCO ÍRIS


Enquanto te espero jantar
fico revendo minha vida,
assim como num filme,
meus momentos vão desfilando diante de mim.

Como eram meus dias tristes e sem graça
sem a cor do teu olhar, sem teu sorriso
sem teu carinho, sem tua presença.

Não sei como eu vivia
neste casulo sem cor e sem ar
feito borboleta ansiando por voar...

E agora, tem um arco-íris em mim
tem flores no meu jardim
luz em minhas janelas
sorriso em meus lábios
amor no meu coração.

Só posso dizer
que voce trouxe a vida para dentro de mim.

TEU CORPO PÁGINA


Meus lábios descem sobre a tua pele
escrevendo uma poesia molhada
desenhando pelo teu corpo
letras góticas
vermelhas e negras.

E no silêncio do teu arrepio
ouço teu coração
chamando o meu.

E quanto mais escrevo
mais te sinto
mais eu brinco de fazer poesia...

No teu corpo página
meu prazer se derrama
e eterniza o meu amor.

EU ERA LIVRE


Eu era livre.
Livre como a luz do sol
Que reflete seu brilho nas gotas de orvalho
Ou no silencio das poças d’água.


Eu era livre.
Livre nesta minha liberdade de olhar o céu
De pintá-lo de azul, lilás ou verde,
De acender estrelas e riscar cometas com cauda de luz.


Eu era livre.
Mesmo quando fechava meus olhos
E o vento soprava em meus ouvidos os segredos de outras terras
E a chuva me trazia água doce para meus lábios.


Eu era livre.
Quando a noite chegava estrelada
Carregando um pedaço sorridente da lua
E prateava meu caminho.


Eu era livre.
Livre de todo amor
Livre da saudade
Livre da espera, que espera um beijo seu,
Eu era livre e não sabia
E tudo que eu mais queria, era a liberdade de amar você.

SEM VOCÊ


Deixa-me com minha tristeza
nesta hora azul violeta
quando o sol se esconde
bordando a barra das nuvens.

Deixa-me assim, neste silêncio
neste caminho onde meus pés arrastam-se
sobre pedras soltas
onde meus passos me levam para longe
muito além, onde repousa a solidão.

Deixa-me aqui
com minhas lágrimas
minha dor meus sonhos desfeitos
Deixa-me aqui com minhas roupas rasgadas
e minha alma sangrando.

Deixa-me.
Esqueça meu sorriso
evite meu olhar
sopre minhas lembranças em qualquer
vento que passar.

Deixa- me aqui
triste e silenciosa revivendo
seus momentos, ouvindo sua voz
lendo suas palavras, sentindo seus beijos
sentindo seus toques em minha pele
que ainda queima e transpira esse amor .

Deixa-me aqui, para chorar
até calar no peito toda ânsia
todo esse desejo todo esse sonho
e caminhar de volta sem você.

LÁGRIMAS




...e o silêncio que se fez foi tão intenso
que pude ouvir o deslizar das minhas lágrimas
buscando meus lábios,
escondendo-se para chorar também.

Então olhei para dentro
de mim e
vi um jarro vazio.
Minha alma voou com
sua asas de pedra
entregando-me ao centauro alado
que povoa os meus sonhos.

E meu olhar
perdido pela fresta da porta entre aberta
encerra um ciclo,
fechando a flor
em sua corola de imensa dor.

TEMPO DE CHUVA


Quando esta chuva passar
vou caminhar descalça pelas poças d'água
molhar meus pés nesta água

caída do céu em forma de gotas...

Vou caminhar em zig zag
como nos tempos de menina
brincando de céu-inferno
até cair nos seus braços
meu céu agora e meu inferno de saudade.

Quando esta chuva passar
vou colher as flores cheias d'água

sorver água da chuva
água doce da sua boca.

Quando esta chuva passar
vou escrever seu nome na terra molhada
fazer um coração e jogar um beijo
quem sabe assim, na outra chuva
você vem para mim?

domingo, 4 de dezembro de 2011

ESTRELAS MORTAS


Essa noite sem lua
Acalenta no meu peito
Essa vontade de correr,
De me perder de mim,
De deixar meu corpo esparramado na grama úmida.
Ou voar além do espaço,
Voar, me recolher no lado negro da lua,
Onde os meus gritos não encontrem ecos.
Onde os meus pés
Pisem poeira de estrelas mortas
E os meus lábios beijem
Cometas incandescentes
Que vigiam as horas
Aprisionando o amor.
E ficar no silêncio,
Neste deserto de sombra e dor
Onde tua lembrança não
Consiga me fazer chorar...

FEBRE




FEBRE

Onde a dor se achega tudo é silêncio
e prostração.
O amor se cala, se deita
nas cinzas do borralho
e adormece os olhos no correr das lágrimas.
Tudo em volta é só saudade. Uma ausência nas mãos,
um inquietante tremor a percorrer o corpo e alma.
Tua presença ainda é forte
e mesmo na distância entre norte e sul
tudo ainda é real. Tudo ainda faz sentido
mesmo quando a razão já diz que não.
Quisera fosse o ontem o momento mais presente,
a certeza que edifica e abranda todos os medos,
que fosse a mão ante a procura que se estende,
e o acalento na madrugada de cada olhar embebido em febre

pois a tua dor, também é minha.


quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

EQUUS


EQUUS


A argola do mundo
Aperta o nó da “guela”.
Enfadonha masmorra
Onde escavam a brancura dos ossos


Negligenciando a postura heróica
De cada um.
Entre os dentes
Fiapos de nervos,
Avesso e reverso de um tempo
Que se mantém nas borbulhas do esgoto
Onde secretas moscas azuis

Carregam o vento e seus destroços.
E alimentam a égua
Que emerge desta nojeira e sacode
As primeiras estrelas
Noite e na solidão dos homens.