PALAVRAS DE VIDRO
TODA PALAVRA NUA, É BRANCA.
segunda-feira, 1 de setembro de 2025
SETEMBRO
segunda-feira, 21 de abril de 2025
LUA
Ela caminha cabisbaixa.
Indiferente aos cachorros sem dono que a seguem.
As sombras dos postes passam deixando uma mescla de tristeza e solidão.
Ela sente o coração - (sabe que esta viva). Viva!
Esta viva, mas, por quê?
Lentamente seus olhos buscam a lua.
Pálida. Silenciosa. Pendurada num pedaço do céu.
Ama a lua.
Sonha com a sua quietude – com sua solidão.
Ela é a lua!
Sente-se assim – pendurada num pedaço do céu.
Sente o vento nos cabelos – o vento pode atravessar seu corpo, sente-se assim, fluída.
Abre os braços e continua caminhando.
Abre a boca buscando o ar a encher-lhe os pulmões.
Esta vazia. Vazia de si. Oca de sentimentos.
Os cachorros permanecem calados – observando.
Talvez entendam aquilo como uma brincadeira mas, não participam, apenas observam.
De súbito ela para. Junta as mãos em prece – os olhos marejados
se desprendem da lua.
Pássaros noturnos voam baixo.
Tudo é silêncio e solidão.
Triste ela percebe que não pode ser igual a lua.
Suas pernas não suportam o peso do corpo – cai.
Aquieta-se enrodilhada feito um bicho.
Os cachorros deitam-se ao seu lado – silenciosamente
aquecem seu corpo durante a noite fria.
.
Solitude
Aquerela sobre papel Montval
domingo, 30 de março de 2025
OSTRACISMO
esvazio-me da outra que sou
e me encontro no encanto da ostra
resignada na salinidade do mar
há um deslumbramento branco
nas nuvens que modelam imagens
e resenham historias e alegorias
há tantos pássaros descendo do céu ao mar
feito estrelas cadentes
brotando na infinitude azul
inefáveis esculturas aladas...
...esvazio-me de mim
e a cicatriz é paisagem desmaiada na pele
é um poema bordado no sonambulismo
feito uma perola solta no mar.
.
imagem Tre Sorelle Studios
sábado, 22 de junho de 2024
MUNDO DE SILÊNCIOS
MUNDO DE SILÊNCIOS
Neste mundo de silêncios
ainda me lembro dum riso solto
bem junto ao vento, no meu ouvido
era mais que um conforto.
E com raso dos meus olhos
olhei distâncias, cismei trajetos
calejei nos dedos mais que 100 mil poemas,
masquei o ópio, adormeci...
...e no fundo do palco
as dores do mundo__________ eu pari.
Mundo de Silencios
En neste mundo de silencios
todavía me acuerdo de una risa suelta
bien junto al viento,
en mi oído era más que un consuelo.
Y con una rápida mirada
divisé distancias, tracé rutas.
Tengo callosos los dedos
por más de 100 mil poemas.
Mastiqué opio, adormecí...
...y al fondo del escenario
los dolores del mundo di a luz.
Revista Literarte /Agentina
https://revistaliterartedigital.blogspot.com/2024/06/luciah-lopez-brasiljunio-2024
domingo, 7 de janeiro de 2024
sexta-feira, 7 de janeiro de 2022
CIO DA NATUREZA
Me nego a uma vida insípida. Preciso da energia das cores e da beleza das flores
do voo dos pássaros, da carícia do vento, da solidão dos cometas, da esperança da luz, do sal dos mares...
Preciso do poema e da poesia
dos versos, dos átomos, da poeira, das partituras, das notas musicais...
Preciso do caminho, do deserto e da montanha
dos bosques e dos bichos - preciso me sentir viva e ser parte do cio da natureza...
domingo, 2 de janeiro de 2022
VESTÍGIOS
eu nasci antes de todos os tempos
antes do sobressalto
antes do despertar
antes da consciência humana ejacular o perfume da vida
nada eu sabia
e todas as duvidas se fizeram
e o inverno e o verão se aproximaram de mim
pela primeira vez evoquei o instinto
e conheci a noite e a necessidade de visitá-lo e ao seu perfume
apetitoso
ainda assim
eu nada sabia____________________era o silêncio da voz
no esquecimento severo das terminações do corpo
a singular vestimenta que aniquila o olhar
e a necessidade de inventar a nudez - reverdeceu
entorpeceu o meu olhar no claro / escuro
e um semideus em explosão de cores bebeu as horas
das minha pálpebras vermelhas
imagem: Vestígios
aquarela s/ papel Canson
Luciah Lopez