segunda-feira, 21 de abril de 2025

LUA

 



Ela caminha cabisbaixa.

Indiferente aos cachorros sem dono que a seguem.

As sombras dos postes passam deixando uma mescla de tristeza e solidão.

Ela sente o coração - (sabe que esta viva). Viva!

Esta viva, mas, por quê?

Lentamente seus olhos buscam a lua.

Pálida. Silenciosa. Pendurada num pedaço do céu.

Ama a lua.

Sonha com a sua quietude – com sua solidão.

Ela é a lua!

Sente-se assim – pendurada num pedaço do céu.

Sente o vento nos cabelos – o vento pode atravessar seu corpo, sente-se assim, fluída.

Abre os braços e continua caminhando.

Abre a boca buscando o ar a encher-lhe os pulmões.

Esta vazia. Vazia de si. Oca de sentimentos.

Os cachorros permanecem calados – observando. 

Talvez entendam aquilo como uma brincadeira mas, não participam, apenas observam.

De súbito ela para. Junta as mãos em prece – os olhos marejados 

se desprendem da lua.

Pássaros noturnos voam baixo.

Tudo é silêncio e solidão.

Triste ela percebe que não pode ser igual a lua.

Suas pernas não suportam o peso do corpo – cai.

Aquieta-se enrodilhada feito um bicho.

Os cachorros deitam-se ao seu lado – silenciosamente 

aquecem seu corpo durante a noite fria.



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Solitude

Aquerela sobre papel Montval


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